quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Modelos matemáticos para o volume florestal

Por Henrique Cruvinel Borges Filho

Em inventários florestais, estimar com precisão o volume florestal é uma operação muito difícil e onerosa, pois requer a mensuração e computação de muitas variáveis, que são extraídas de diferentes componentes de uma árvore. Com isso, vários modelos matemáricos para o volume florestal têm sido estudados com objetivo de faciliar esta operação.
Cabe frizar que, segundo Soares et al. (2006), os componentes de uma árvore a serem mensurados são definidos como:
  1. Tronco comercial;
  2. galhos comerciais;
  3. tronco não-comercial; e
  4. galhos pequenos e não-comerciais.
Por sua vez, a medição destes componentes nas formações lenhosas tropicais é bastante dificultada, já que estas apresentam estruturas bem irregulares e dissetâneas. Em alguns casos, por exemplo, a sobreposição das copas pode impedir a leitura das árvores, em outros, as formas retorcidas das árvores necessitam de cálculos mais apurados.
A fórmula básica para o cálculo do volume de uma árvore é derivada a partir do modelo cilíndrico (1).
(1) V=(PI*d2/4)*h
em que:
V = volume do tronco;
d = diâmetro do tronco;
e h = altura do tronco.

Seria desejável que todos os troncos possuíssem a forma cilíndrica perfeita, mas na natureza, obviamente, este padrão raramente acontece. Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa explicam que a forma dos troncos e dos galhos das árvores estão relacionados com a espécie, com a idade, com os espaçamentos e com a qualidade do sítio (Soares et al. 2006).
Um outro modelo volumétrico muito utilizado (2) é expresso por uma percentagem do volume cilíndrico, multiplicando-se pelo fator de forma f.
(2) V=(PI*d2/4)*h*f
em que:
V = volume do tronco;
d = diâmetro do tronco;
h = altura do tronco; e
f = Fator de forma

O fator de forma f é igual ao volume real divido pelo volume do cilindro e sempre será expresso por valor < 1. Este fator é calculado a partir de dados de cubagem rigorosa de árvores-amostra, que pode ser realizada nas árvores abatidas ou nas em pé. Segundo Campos & Leite (2006), as árvores -amostra deverão ser colhidas em toda a área da floresta, abrangendo todas as classes de diâmetro, de modo que seja assim bem representativa da população. Ainda segundo esses pesquisadores é comum utilizar em torno de 100 a 150 árvores-amostra, em plantios de eucaliptos e pinus, para o ajuste de um modelo volumétrico. Mais informações sobre cubagem, fórmulas de volume e ajustes de modelos matemáticos, consulte o livro Mensuração Florestal de Campos e Leite (2006).
Com intuito de facilitar os procedimentos para cálculo do volume florestal, algumas equações volumétricas foram desenvolvidas e estão sendo testadas em todo o mundo. Em recente estudo publicado pela Faculdade de Tecnologia da UnB (Imaña-Encinas et al. 2009), 18 modelos volumétricos foram testados (Quadro a seguir).


Em que : V = Volume; D=diâmetro e H=Altura

Em vista disso, somente com um bom planejamento do inventário florestal é que podemos minimizar esforços necessários para estimar o volume florestal. Faz-se necessário, também,
por parte dos técnicos responsáveis, uma amostragem para a variável volume mais precisa e criteriosa, evitando-se, desta forma, os desvios amostrais e não-amostrais que são gerados destas operções.
Continue acompanhando o blog que será dado mais atenção sobre este assunto!

Bibliografia consultada:
  1. Campos & Leite. Mensuração florestal: perguntas e respostas. Viçosa:MG: Editora UFV, 2006. 470p.
  2. Imaña-Encinas et al. Equações de volume de madeira para o cerrado de Planaltina de Goiás. Revista Floresta, PR, v.39, n.1, p. 107-116, jan./mar. 2009.
  3. Soares et al. 2006. Dendrometria e inventário florestal. Minas Gerais: Editora UFV, 2006. 276p.

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial 3.0 Unported License.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Livro Plantas raras do Brasil

























A Conservation International do Brasil (CI Brasil) em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), lançaram o livro “Plantas Raras do Brasil” no dia 2 de julho de 2009, em Feira de Santana na Bahia, durante o Congresso Brasileiro de Botânica. O objetivo do livro é listar e mapear todas as espécies raras de plantas do Brasil e também as áreas mais importantes para a conservação dessas espécies.
O livro foi lançado também em formato digital e está disponível gratuitamente na rede.

SIG das ecorregiões mundiais para download


Em 2001, a WWF desenvolveu uma regionalização das ecorregiões terrestres mundiais em ambiente SIG, através da colaboração de pesquisadores e especialistas de todo mundo.
Os dados disponíveis para download estão em formato shapefile, apropriados para trabalhos em SIG.

sábado, 12 de setembro de 2009

DIVERSIDADE ECONCÔMICA DO CERRADO

Por Henrique Cruvinel Borges Filho

Em estudo realizado no âmbito do Projeto Biogeografia do Bioma Cerrado (Felfili et al. 2005) foram amostradas 150 parcelas de 1000 m2 de cerrado típico com mínimo de perturbação antrópica possível em 15 localidade no Brasil Central.Verificou-se que a riqueza de árvores varia de 55 a 97 espécies por hectare e que o índice de diversidade de Shannon varia de 3,44 a 3,75. O estudo permitiu demonstrar que a distribuição de plantas, tanto estrutural como florística, respondem nitidamente à variabilidade dos ambientes estudados, refletindo com isso grande quantidade de espécies vegetais.

Em decorrência disso, não é de se espantar que a diversidade de espécies econômicas também seja alta. São diversas as espécies utilizadas pelas populações locais, com ampla distribuição no Cerrado. Acompanhe na Tabela 1 abaixo uma pequena amostra dessa diversidade econômica.

Tabela 1 - Plantas úteis de cerrado, espécies e nomes comuns. Fonte: Felfili et al. (2004)

Grupos de utilidade

Espécie

Nome comum

Plantas alimentícias

Acrocomia aculeata

Macaúba

Anacardium humile

Cajuzinho

Ananas ananassoides

Ananás-do-cerrado

Annona crassiflora

Araticum

Attalea speciosa

Babaçu

Campomanesia pubescens

Gabiroba

Caryocar brasiliense

Piqui

Dipteryx alata

Baru

Eugenia dysenterica

Cagaita

Hancornia speciosa

Mangaba

Hymenaea stigonocarpa

Jatobá

Inga alba

Ingá

Mauritia flexuosa

Buriti

Peritassa campestris

Saputá

Pouteria ramiflora

Curriola

Psidium firmum

Araçá

Salacia crassifolia

Bacupari

Syagrus flexuosa

Coco-babão

Plantas codimentares (a) aromatizantes (b) e corantes (c)

Amburana cearensis (b)

Amburana

Lychnophora ericoides (b)

Arnica

Vanilla spp. (b)

Baunilha

Xylopia aromatica (a)

Pimenta de Macaco

Plantas têxteis

Attalea spp. (folhas)


Chorisia sp. (paina)

Paineira

Eriotheca pubescens (paina)

Paineira do Cerrado

Guazuma ulmifolia (entrecasca)

Mamominha

Luehea grandiflora (entrecasca)

Açoita Cavalo

Mauritia spp (folhas)

Buriti

Pseudobombax longiflorum (embira)

Imbiruçú

Xylopia spp. (entrecasca)

Pindaíba

Plantas corticeiras

Aegiphila lhotskiana

Tamanqueiro-do-cerrado

Agonandra brasiliensis

Pau marfim

Enterolobium gummiferum

Vinhático

Fagara cinerea

Mama-de-porca

Kielmeyera coriacea

Pau Santo

Strychnos pseudoquina

Quina-do-cerrado

Symplocos crenata

Sete-sangrias

Plantas taníferas

Anadenanthera peregrina (casca)

Angico

Sclerolobium paniculatum (casca)

Carvoeiro

Stryphnodendron adstringens (casca)

Barbatimão

Plantas com exsudatos no tronco

Anadenanthera macrocarpa (goma)

Angico

Astronium urundeuva (goma)

Aroeira

Copaifera langsdorffii (balsamo)

Copaíba

Hancornia speciosa (latex)

Mangaba

Himatanthus obovatus (latex)

Pau-de-leite

Hymenaea stigonocarpa (resina)

Jatobá

Myroxylon balsamum (balsamo)

Bálsamo

Protium brasiliense (resina)

Breu

Sapium obovatum (latex)

Leiteiro

Styrax ferrugineus (resina)

Larajinha-do-cerrado

Vochysia spp. (goma)

Gomeira

Plantas produtoras de óleo e gorduras

Acrocomia aculeata

Babaçu

Attalea exigua

Indaiá-do-cerrado

Caryocar brasiliense

Piqui

Plantas medicinais

Anemopaegma arvense

Catuaba

Bowdichia virgilioides

Sucupira-Preta

Brosimum gaudichaudii

Mamacadela

Cephaelis ipecacuanha

Ipecacuanha

Dimorphandra mollis

Faveira

Exogonium purga

Batata-de-Purga

Lychnophora ericoides

Arnica

Stryphnodendron adstringens

Barbatimão

Tabebuia impetiginosa

Ipê-Roxo

Vernonia polyanthes

Cambará-assa-peixe

Plantas ornamentais

Cariniana estrellensis

Jequitibá

Enterolobium contortisiliquum

Orelha-de-negro

Syagrus oleracea

Gueroba

Tabebuia spp.

Ipês

Vellozia flavicans

Canela-de-ema

Plantas empregadas no artezanato

Aspidosperma macrocarpon

Guatambú

Loudetiopsis chrysothrix

Brinco-de-princesa

Magonia pubescens

Tinguí

Paepalanthus speciosus

Palipalã



Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial 3.0 Unported License.